sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Falta de tratamento.

RENATO BEOLCHI
DIRETO DE PORTO ALEGRE
Porto Alegre


Uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), e realizada pelo Ibope, aponta que cerca de 1,3 milhão dos brasileiros que sofrem de transtornos mentais graves não têm acesso a tratamento médico adequado. Os números foram apresentados nesta quarta, na abertura do 25º Congresso Brasileiro de Psiquiatria que acontece em Porto Alegre até a próxima sexta-feira.
Sérgio Andreoli, coordenador do Departamento de Epidemiologia da ABP foi o responsável pelo levantamento e alertou para o grande número de portadores de transtornos graves que não conseguem auxílio médico adequado. De acordo com Andreoli, doenças como esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão severa são alguns dos principais problemas enfrentados por essas pessoas.
O estudo apontou ainda que 9% da população brasileira - ou seja, 17 milhões de pessoas - sofre de algum distúrbio mental grave. Para Andreoli, esse número não foge à realidade mundial. "Os Estados Unidos, por exemplo, têm 7% da sua população nessa condição. Como nossa pesquisa tem uma margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, não estamos muito distantes da realidade."
A pesquisa do Ibope foi realizada entre os dias 13 e 18 de setembro e ouviu 2002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios. O perfil mais recorrente, segundo o Ibope, é o homem de 41 anos, pertencente às classes D e E, morador da periferia e com baixa escolaridade.
Andreoli e Josimar França, atual presidente da ABP, comentaram a incidência de problemas mentais graves entre as classes mais pobres. Para eles, uma das explicações possíveis seria a maior dificuldade que esse indivíduo tem em conseguir diagnóstico e tratamento eficientes.
Mas Andreoli avalia ainda um outro lado. Citando uma pesquisa publicada pela revista Science em 1991, o médico afirma que uma corrente de psiquiatras acredita que os transtornos mentais graves podem limitar tanto a participação do indivíduo na sociedade, que ele acaba ficando mais pobre.
Nesse caso a doença leva a pessoa a uma condição social mais baixa. Em transtornos mentais mais moderados o ambiente pode ser uma das causas do surgimento da doença.
A pesquisa do Ibope procurou mapear também a procura dos portadores de doenças mentais graves por auxílio médico. Em levantamento parecido realizado em 2006, 72% dos doentes procuraram o Sistema Único de Saúde (SUS).
Este ano, no estudo do Ibope, o número caiu para 65%. Andreoli e França, entretanto, acreditam que a queda esteja relacionada ao aumento da procura por convênios médicos e pelo sistema privado de saúde.
O presidente da ABP ainda falou sobre a atuação do governo nesse segmento da saúde. França elogiou as recentes reuniões com o Ministério da Saúde e o ministro José Gomes Temporão, mas alertou que o investimento ainda é baixo. "Em 2005, da verba total do ministério, apenas R$ 800 milhões foram destinados à Psiquiatria. É muito pouco ainda."


A realidade das pessoas que sofrem com  algum tipo de transtorno mental é precaria, e como a reportagem traz, milhares de pessoas estão sem tratamento, isso atinge não só uma pessoa mais uma familia toda, pois a doença mental é extremamente complexa.
As familias que sofrem junto com doente, tambem necessicitam de acompanhamento é um processo que o sistema não esta preparado para atender.
As políticas públicas de saúde mental não condiz com a realidade do problemas que o país enfrenta.
A pergunta que não quer calar: O que fazer para mudar a realidade do sistema de saúde brasileiro?
Sinceramente eu preciso ter fé, ate mesmo porque pretendo trabalhar nele. A India ficou mais de dois mil anos sem ter grandes mudanças, espero que o Brasil não siga essa linha, no entanto acredito que vai levar mais algum tempo ate podermos dizer que o nosso sistema é eficaz.
Eu não sei quem está mais falido, se é o sistema ou as pessoas que fazem parte dele.
                                  

                                                                                                       Juliane Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário